quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Portuários confirmam que entrarão em greve amanhã em todo o Brasil



 
Os trabalhadores portuários confirmaram hoje em assembleia realizada em Brasília greve amanhã em todos os portos do país na parte da manhã.
 
O movimento foi confirmado mesmo com o governo convocando uma reunião na Casa Civil para amanhã pela manhã para discutir com os trabalhadores as reivindicações deles de mudanças da MP dos Portos, que está tramitando no Congresso.
 
Segundo Eduardo Guterra, presidente da Federação Nacional dos Portuários, caso amanhã o governo flexibilize sua posição e aceite mudanças na MP, os trabalhadores podem decidir não continuar o movimento, cancelando uma segunda greve marcada para terça-feira no período da tarde.
 

 
Guterra afirmou que os trabalhadores foram orientados a não paralisar cargas essenciais, como remédios, alimentos perecíveis e carvão. Segundo ele, a intenção do movimento não é prejudicar a população e nem defender interesses corporativistas.
 
"O movimento sindical é para defender os interesses dos portos públicos, do Brasil e dos trabalhadores. Temos legitimidade para isso. Quando se coloca que uma federação de indústria ou de agricultura defende um outro viés, acho que eles não estão preocupados com o Brasil realmente. Estão preocupados com o seu próprio negócio", afirmou Guterra.
 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Bahia é o estado de maior potencial com a MP 595

 
Com os portos de Salvador e Aratu saturados e o projeto de criação do Porto Sul, em Ilhéus, a Bahia é o estado com maior potencial para se beneficiar com a MP dos Portos, que vai privatizar 159 terminais portuários em todo o Brasil, até 2017.
 
A avaliação foi feita ontem pelo presidente da Associação dos Usuários de Portos da Bahia (Usuport), Paulo Villa. “É uma medida inteligente e imprescindível. Merece todo o apoio da sociedade baiana e da economia regional”, frisou.
 
O dirigente lembra que a Bahia, apesar de ter o maior litoral, é o estado que mais se utiliza de portos de outras unidades federativas, em razão da fraca competitividade dos terminais locais.
 
Na segunda-feira, o ministro-chefe da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino, anunciou os primeiros lotes a serem licitados. A primeira vai beneficiar os portos de Santos (SP) e Belém (PA), mas o porto baiano de Aratu está na lista dos primeiros a serem privatizados. “Há também uma obra de 130 mil metros quadrados no Porto de Salvador, que é o segundo terminal de contêineres, com início imediato”, afirmou Villa. Segundo a Usuport, o terminal de Aratu está com sua capacidade saturada em 16 anos, e o de Salvador há nove anos.
 
Paulo Villa comemorou a mudança da responsabilidade pelo arrendamento, que agora será feita pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). “Em 20 anos da Lei dos Portos (8.630/93), a administração portuário fez o quê. Na Bahia, apenas o terminal de contêineres de Salvador”, reclamou.
 
 
Em todo o Brasil, a Secretaria de Portos do pretende atrair R$ 54,2 bilhões em investimentos privados, em licitações previstas para até 2017 e envolvendo 159 terminais.
 
A meta principal é a redução do frete, mas Paulo Villa entende que a medida também vai dinamizar a economia regional. “Os arrendamentos terão as presenças de empresas estrangeiras, de outros estados e da Bahia também, que vão poder participar e se desenvolver”, sugere.
 
O representante dos usuários espera que os arrendamentos incentivem a concorrência entre os portos e entre terminais de um mesmo empreendimento. A Usuport reforçou o coro no segmento empresarial pela aprovação sem mudanças da Medida Provisória 595.
 
A proposta enfrenta forte resistência dos atuais trabalhadores dos portos. “Não tem porquê o trabalhador ser contra. Não houve mudanças em relação à Lei dos Portos”, disparou.
 
Também na segunda, entidades empresarias manifestaram apoio à MP em encontro com o ministro Leônidas Cristino e com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. “Viemos aqui praticamente implorar ao governo para que não recue, porque essas instituições precisam da concorrência”, disse a presidenta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu que também é senadora pelo PSD-GO.
 
Ontem, o secretário baiano da Indústria Naval e dos Portos, Carlos Costa, embarcou para Brasília, onde articula com integrantes do executivo federal e da bancada baiana no Congresso a votação da MP 595.
 
Fonte: Tribuna da Bahia (Portos e Navios)

Cresce divisão empresarial na MP dos Portos

Um grupo de oito entidades empresariais vai tenta conciliar interesses e pacificar ânimos, em Brasília, em reunião para discutir a Medida Provisória 595, que estabelece novas regras para exploração dos portos. A tentativa de conciliação ainda esbarra, porém, em divergências. Uma delas é a proposta de criar um regime de autorização para o chamado terminal-indústria, estruturas portuárias vinculadas às cadeias produtivas. Pela proposta, estes terminais seriam autorizados pelo governo de forma automática, sem passar pelo processo de chamada pública ao qual estarão submetidos os terminais privativos que surgirem fora das áreas dos portos organizados.
 
Os terminais de contêineres privativos são contrários a essa autorização automática do terminal-indústria pois consideram que estaria se criando uma "discriminação" em relação à forma como os demais projetos privados de terminais portuários serão autorizados. "Os novos terminais de contêineres privativos ficarão sujeitos à chamada pública e correm risco, dependendo da regulamentação, de não saírem do papel", disse uma fonte.
 
O executivo afirmou que o terminal-indústria beneficiaria grandes empresas como Vale, Petrobras e companhias siderúrgicas e de papel e celulose. Uma das lideranças que estará hoje na reunião afirmou que até a edição da MP 595 os terminais-indústria sempre existiram e que na última reunião das entidades empresariais, há 15 dias, não houve divergências sobre o tema. É possível que hoje o assunto seja colocado em discussão por representantes da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). Além da Abdib, estarão presentes na reunião Instituto Aço Brasil, Abratec, ABTP, CNA, CNI e Fenop. A coordenação é da Ação Empresarial, que nasceu nas discussões da Lei dos Portos, de 1993, por iniciativa do empresário Jorge Gerdau.
 
Paulo Godoy, presidente da Abdib, disse que o governo deixou claro que não pretende estabelecer mecanismos de preferência ou que garantam vantagens a determinados projetos em relação a outros empreendimentos. A entidade defende a MP, mas prega que sejam feitos ajustes sem alterar os princípios gerais. Fontes dos terminais de contêineres privativos afirmam que não há justificativa para se criar uma diferenciação entre o terminal privativo e o terminal indústria. A MP estabeleceu duas figuras: do terminal público e do terminal privado, argumentam.
 
Wilen Manteli, presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), disse que a entidade defende a autorização para o terminal-indústria sem a necessidade de o projeto passar por chamada pública. Esse processo é importante, segundo ele, para garantir competitividade ao setor industrial em escala internacional. Manteli reconheceu a existência de conflitos, mas afirmou: "Se o empresariado não se unir quem vai perder é ele." Há dois cenários que não interessam aos empresários: que a MP fique como está ou que surjam novidades na regulamentação do texto.
 
O número recorde de 645 emendas apresentadas mostra a insatisfação com a MP, tanto dos empresários como dos trabalhadores. E se não houver um processo negocial em torno dessas emendas corre-se o risco de a discussão virar um caos. "Pode haver um segundo Código Florestal", disse um executivo referindo-se a outro tema que criou polêmica. Frente a esse cenário, o governo convocou os empresários, sobre a coordenação da Ação Empresarial, para que tentassem chegar a um consenso. Um dos pilares da MP é a busca de uma maior competição nos portos, mas, para isso, é preciso assegurar cláusulas de isonomia entre terminais privados e públicos, disse a fonte. Os terminais de contêineres de uso público querem equidade em termos de custo com os privados e prazo maior para explorar os terminais. Para isso, propõem antecipar a renovação das concessões.
 
Fonte: Valor / Francisco Góes

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Governo resiste a mudanças no núcleo da MP dos Portos

Apesar das ameaças de greves trabalhistas, o governo não admite mexer em dois pontos cruciais da medida provisória que alterou o marco regulatório dos portos: a liberação de novos terminais privativos sem a exigência de carga própria e a relicitação de terminais públicos arrendados à iniciativa privada antes de 1993. Para evitar mudanças nesses dois pontos, o Palácio do Planalto deverá mobilizar sua tropa de choque no Congresso e descarta a adoção de um substitutivo à MP 595, como almejam trabalhadores do setor e arrendatários de terminais públicos.
 
 
O Planalto também não abre mão de centralizar, em Brasília, as decisões do setor. Isso significa que as Companhias Docas não serão mais responsáveis pelos novos contratos de arrendamento, que ficarão a cargo diretamente da Secretaria de Portos (SEP), enquanto a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) conduzirá as licitações.
 
Em contraposição aos sindicatos e aos arrendatários de terminais públicos, as duas maiores entidades patronais do país vão entregar à presidente Dilma Rousseff um compromisso formal de apoio à MP. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pediram uma audiência com Dilma não só para manifestar apoio à medida, mas também para garantir empenho na aprovação do texto no Congresso. A defesa conjunta da medida foi acertada pelos presidentes da CNI, Robson Andrade, e da CNA, Kátia Abreu, e tem o apoio ainda da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). Todos têm sugestões de ajustes na redação final, mas querem colocar o bloco na rua para evitar que o pacote acabe sendo desfigurado.
 
Um decreto presidencial está em estágio avançado de redação para regulamentar a MP dos Portos e detalhar aspectos importantes do pacote anunciado no fim do ano passado, como as regras das "chamadas públicas" que serão feitas antes da autorização para novos terminais privativos. O decreto também vai explicitar as metas de gestão com que diretores das Companhias Docas, responsáveis pela administração dos portos organizados, terão de se comprometer. Se não cumprirem essas metas, eles poderão até perder seus cargos.
 
Quanto às chamadas públicas, a decisão de incluir esse mecanismo na MP foi da própria presidente, com o objetivo de dar mais transparência às autorizações da Secretaria de Portos e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). No início de dezembro, quando ela lançou o pacote de investimentos nos portos, vivia-se o auge da Operação Porto Seguro e havia fortes suspeitas de tráfico de influência em órgãos do governo para permitir a liberação de terminais.
 
"Nós iremos garantir publicidade e transparência no setor portuário, assim como fazemos em todas as áreas do governo", disse Dilma, em cerimônia no Palácio do Planalto, no dia 6 de dezembro. "Todas as autorizações para operação de terminais privados, por exemplo, serão precedidas de chamada pública."
 
Funcionará da seguinte forma: sempre que empresas apresentarem projetos de terminais privativos que estiverem dentro do planejamento de médio e longo prazos do governo, a Secretaria de Portos lançará uma chamada, com duração de 30 dias. Outros grupos empresariais podem entregar projetos alternativos, dentro de uma "área de influência" a ser definida em cada chamada, mas extensa o suficiente para garantir a concorrência. Uma regra é chave: só pode apresentar projetos quem tiver terreno disponível para o empreendimento.
 
No caso de dois ou mais projetos de terminais privativos concorrerem ao mesmo tempo, a autorização da Secretaria de Portos será dada à empresa que oferecer a proposta de maior movimentação de carga, com menor tempo de construção do empreendimento e tarifas mais módicas.
 
A ideia inicial do Planalto era publicar o decreto até janeiro, mas tomou-se a decisão de esperar toda a tramitação da MP 595, até sua conversão em lei. Assim, o governo evita novos atritos com o setor e pode adaptar o decreto a eventuais mudanças no texto original da medida provisória.
 
Ajustes à MP são admitidos pelo Planalto, mas nada que comprometa a essência do pacote, como a liberação dos terminais privativos sem exigência de carga própria. Antes, conforme o decreto 6.620 de 2008, esses empreendimentos só podiam ser feitos se as empresas fossem movimentar suas próprias cargas, podendo até embarcar ou desembarcar mercadorias de terceiros, porém de forma residual.
 
Agora essa restrição acabou, provocando a fúria de arrendatários de terminais públicos. Eles precisam pagar outorga à União e são obrigados a contratar mão de obra em regime especial, em órgãos gestores do trabalho portuário. Por isso houve resistência dos sindicatos ao pacote, já que o crescimento dos portos tende a ocorrer sobretudo nos terminais privativos. Hoje, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, se reúne com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para discutir a MP 595.
 
O governo se dispõe a analisar mudanças no texto em tramitação, como maior proteção aos trabalhadores nos terminais privativos, desde que isso seja fruto de consenso no setor. Também pode mostrar-se aberto a discutir o pagamento de indenizações aos atuais arrendatários de terminais públicos com contratos anteriores a 1993, quando entrou em vigência a atual Lei dos Portos (8.630), para levar adiante sua relicitação. A possibilidade de adaptar (prorrogar) os contratos de pelo menos 53 terminais, conforme pleito dos empresários, já foi descartada e não há disposição para nenhum recuo.
 
Outra mudança que o Planalto pode fazer é a dispensa de chamada pública para a expansão de terminais privativos em áreas "contíguas" às instalações existentes. Seriam ampliações marginais de terminais que já funcionam.
 
Fonte: Valor / Daniel Rittner

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Federações portuárias convocam trabalhadores para decidir sobre paralisação em reação à MP dos Portos




Dirigentes de sindicatos filiados à Federação Nacional dos Portuários (FNP),à Federação Nacional dos Estivadores (FNE), e à Federação Nacional dos Avulsos (Fenccovib) se reúnem em Brasília, nos dias 19, 20 e 21 de fevereiro, para articular mobilização contra reflexos da Medida Provisória 595/12.

 

No dia 21, os sindicalistas decidem se vão paralisar as atividades. Os trabalhadores estão organizados para realizar greve em âmbito nacional, caso as reivindicações da categoria não sejam atendidas.

 

O presidente da FNP, Eduardo Guterra, explica que os portuários tem buscado dar visibilidade para questão junto a parlamentares. “Antes de paralisar as atividades estão previstos atos de manifestação para tentar sensibilizar as autoridades a reabrir o debate sobre a MP dos Portos. Diversos sindicatos portuários de todo o país já declararam estado de greve”, destacou.

 

Os trabalhadores questionam a falta de transparência na elaboração da MP, a concessão da administração do porto, o esvaziamento de função das autoridades portuárias, a retirada do texto da legislação de garantias de proteção aos portuários.

 

Além disso, causa polêmica a liberação para terminais privados, fora da área do porto organizado, movimentarem cargas de terceiros, o que segundo Guterra enfraquece o porto público, gera concorrência desleal, e precariza o trabalho portuário, pois esses terminais não utilizam trabalhadores avulsos registrados no Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), contrariando a Convenção 137 da OIT, da qual o Brasil é signatário.

 

Em Brasília, os portuários farão visita aos gabinetes de senadores e deputados para pedir apoio às emendas prioritárias para a categoria. No dia 21, será aprovado o plano de lutas que pode incluir paralisação e greve em âmbito nacional.

MPT apresenta documentos a Senadores e sugere emendas na MP 595

No dia 6 de fevereiro (quarta-feira), o Ministério Público do Trabalho (MPT) apresentou oficialmente ao Senado Federal sua proposta de mudanças à Medida Provisória 595/12. A MP revogou as principais normas do setor, a Lei dos Portos (8.630/93) e o Programa Nacional de Dragagem Portuária e Hidroviária (Lei 11.610/07), sob a justificativa de buscar dar uma maior competitividade e modernidade ao setor.
 
O objetivo do MPT é contribuir para a análise da MP pelo Congresso e evitar um retrocesso na legislação do setor, segundo o coordenador nacional de Trabalho Portuário e Aquaviário (Conatpa), Maurício Coentro Pais de Melo
 
Para o MPT, a MP precisa de correções em temas como a ausência de guarda portuária, a requisição de mão de obra pelos terminais privativos fora do porto organizado, a previsão da multifuncionalidade e a questão da renda mínima. “O MPT quer que sejam implantados princípios e normas que estão nas convenções da Organização Internacional do Trabalho”, afirma Maurício Coentro.
 
 
 
O documento foi entregue aos senadores Eduardo Braga (PMDB/AM), provável relator da MP na comissão mista do Congresso Nacional, e Eduardo Amorim (PSC/CE), em reunião na sala das lideranças no Senado. Também participaram da reunião o vice-coordenador da Conatpa, Ângelo Fabiano Farias da Costa, o procurador do Trabalho Rodrigo Lestrade Pedroso, que integra a comissão de estudos da MP na Conatpa, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Carlos Eduardo Azevedo Lima e o subprocurador-geral do Trabalho Ronaldo Curado Fleury.
 
Para o presidente da ANPT, o objetivo é contribuir para que o texto final da MP a ser aprovado esteja em consonância com o ordenamento jurídico, sem afronta aos direitos dos trabalhadores. “Os membros do Ministério Público do Trabalho não defendem, por óbvio, interesses corporativos de quaisquer categorias relacionadas com o trabalho portuário e aquaviário, até porque não teria razão para assim atuar. O que defendemos é a observância da legislação, de princípios constitucionais e, também, de convenções, recomendações e outros atos normativos internacionais que tratam da matéria dos quais o Estado Brasileiro é signatário e que não podem, certamente, deixar de ser observados pelo Congresso Nacional durante a tramitação dessa Medida Provisória”, destacou durante a reunião.
 
O senador ouviu as ponderações dos procuradores e recebeu um documento com sugestões de emendas à MP. Eduardo Braga afirmou que irá ouvir todos os seguimentos interessados e ressaltou a relevância de terem os membros do MPT elencado as sugestões de mudanças no texto que reputam necessárias e pertinentes, a fim de que a Comissão aprecie-as e analise-as de maneira detalhada.